Tuesday, June 21, 2005

Na saúde e na doença

Eu preciso concordar que nós somos tristes
E que somos lindos mesmo tristes
Mas, meu amor, eu preciso parar de respirar um pouco,
Antes que eu me sufoque nessa casa de suspiros.

Na saúde e na doença, você disse,
Na doença. Na doença. Na doença.
E na saúde?
E na saúde...
?

Friday, May 06, 2005

Casamento

As escolhas são insensatas, não combinam entre si. São auto-excludentes. Ela perde tempo tentando conciliá-las – para quem? Será que ela mesma acredita nessa conciliação?

Olhando de longe, após tantos anos tentando unir os que não se aceitam, olhando de longe ela parece tola. Como se a tentativa de unir coisas tão distintas fosse um sonho de criança, que ainda não descobriu a necessidade de escolha. Bonito sonhar com um campo vasto, mas a vida, minha criaturinha ingênua, é uma reta.

Estamos diante de uma bifurcação.

Diante dessa bifurcação, pergunta-se: qual é o seu desejo?

Wednesday, April 20, 2005

Dança

Preciso da dança, de sua graça e leveza, de sinuosidade, de prazer.
São muitas horas sentadas pensando e lendo e escrevendo e processando informações das mais abstratas às mais orgânicas, preciso dançar.

O máximo que posso fazer, por enquanto, é beber uma cerveja bem gelada, quando dá.

Ah, prisão... sinto-me presa, enclausurada em minhas escolhas. Preciso cantar. Sing this soul out of me, dançar essa energia pelas mãos e pés, onde?

Aqui? Nesta sala sem afeto? No meio das pessoas de plástico não pode, qualquer movimento em falso e... se, magicamente, de astróloga você passa a esotérica, imagina se você sai dançando aqui.

Imagina o que vai ser de mim aqui. Eu não suporto, mas sei que ainda suporto mais. Meu limiar se estica... eu me encolho e me ajeito, é foda, é em nome de coisas importantes para mim, entende? Entendo.

E conforme vai ficando insuportável eu começo a questionar a importância das coisas que escolhi e que impõem condições tão brutas. Eu quase desisto delas, mas aí seria entregar os pontos para a sala de plástico e isso eu não vou fazer nunca, o CARALHO que vou.

Pois sim.

Bom feriado, Marília.

Friday, April 01, 2005

Busca

Ali eu busco o que está em mim, mas está fora de mim e eu preciso trazer até mim. Busco os meios.
Ali eu escuto o que eu já sei, mas não sei como saber. Preciso, sim, de meios.
São meios artificiais, primitivos, simbólicos, infantis, bagunçados, sujos, exploradores, mentirosos porque eu demandei caminho. Ainda preciso do ritual, do teatro, da ordem, da estrutura, da hierarquia, do limite.

Monday, March 07, 2005

Mari Stanko (algo que esquecera de postar...)

Hoje eu dancei Mari Stanko, na verdade mal acabei de dançar, ainda estou quente e suada, é que cheguei do teatro com vontade de dançar, porque Mari Stanko está de volta e ela me dá muita vontade de dançar.
Tanta, que é capaz de me fazer usar o verbo dançar cinco vezes de um fôlego só, e haja fôlego para ela.
Bom te ver em casa, Mari Stanko, minha nêga.
24 de fevereiro de 2005.

Thursday, February 17, 2005

Teatro

Se eu fechar os olhos de verdade
Posso ver as flores que saem de mim
Quando estou lá sendo o que sou
E é tanta felicidade que eu sou capaz de chorar
Mas vem aquele sentimento estranho
Que rebobina a fita
As flores voltam à semente
E eu volto à necessidade de explodir mais uma vez...
Me desculpa?
Não. Ainda não.
Em suspenso,
Estou ensaiando.

Narciso

Cava!
Arranca alguma coisa daí de dentro!
Tira sentimento da tua alma presa!
Pobre homem
Que nunca amou.

Monday, February 14, 2005

Incenso
Licor de whisky servido em cálice delicado
Tudo escuro:
Todas as luzes apagadas
Mas há duas velas, duas sombras diferentes reluzindo sobre a parede de azulejos negros
A porta vermelha aberta
Por onde entra o som: Tristan und Isolde, inteiro,
E no silêncio do banheiro
Só o barulho do meu corpo se mexendo suavemente pela água
E a voz dela, sempre abençoando as ocasiões mais importantes,
Água pura
Sem sal ou espuma
E o motor desligado, para permitir o silêncio e sua voz.
Dois cálices e muito silêncio depois, mudo as luzes para algo mais claro e quente,
Derramo um pouco de líquido de pérolas
Ligo o motor e... voilá! Um pé de bailarina para o alto, e
Vejo a espuma descer por minhas pernas
Como num filme de Hollywood.
Vejo a espuma crescendo e se espalhando com o novo perfume no ar,
Agora que o incenso acabou e as velas se apagaram
E eu me recosto olhando em volta, feliz, pensando:
"Eu estou em paz".

Sem a companhia dos lobos

É difícil assim, quando os papéis não se encontram.
Talvez eu e minha paixão por lobos precisem de um bom susto,
Talvez eu só queira me sentir ameaçada para nunca sair de casa
Talvez eu não queira mesmo sair de casa e ver o que tem lá fora
Além dos bichinhos que vêm durante o dia.
Eu não sei brincar com eles, não como fazem
as crianças que não são como eu...
Eu fico espiando de longe, querendo ver algumas coisa
Escutar algo que ninguém ouça
Que me chame para fora. E nada!
Como um eterno eclipse,
Eu fico aqui, querendo ser raptada por um lobo
E o meu lobo fica lá, esperando uma mulher corajosa.

 
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